11 de nov. de 2010

Região amazônica concentra quase todos os casos de malária no Brasil

Segundo o professor Pedro Luiz Tauil, da UnB, costumes culturais são empecilho para o controle da doença na Amazônia.


Apesar de os casos de malária no Brasil terem diminuído nos últimos anos, a situação na região amazônica ainda é preocupante. O alerta vem do professor Pedro Luiz Tauil, da faculdade de Medicina da Universidade de Brasília. Ele disse que quase todos os casos da doença estão na Amazônia, e citou costumes culturais como um dos empecilhos para evitar a sua transmissão. Além disso, defendeu capacitação de pessoal para controlar a malária, sem desconsiderar a importância do apoio dos governos estadual e federal.



Situação da malária no Brasil
A malária no Brasil tem sofrido uma tendência decrescente de incidência. Os principais indicadores que avaliam a situação atual é a redução do número de óbitos e das hospitalizações pela doença. Houve um aumento exponencial do número de postos para diagnósticos e tratamento a tal ponto que em torno de 60% dos casos estão sendo diagnosticados e com o tratamento iniciado em menos de 48 horas.



Importância política da malária


À medida que a situação da malária vai melhorando, há, geralmente, um afrouxamento da importância política da doença. Então, muitas vezes, trabalhadores que cuidam do controle da malária são deslocados para cuidar de outras atividades também necessárias, como o controle da dengue, que exige muita mão de obra. Há mudança de pessoal quando há alternância de poder nos municípios e nos estados.



Malária na região amazônica

Este ano tivemos um aumento da incidência em alguns locais da região amazônica. Aliás, a malária no Brasil está concentrada na região amazônica. Mais de 99,9% dos casos ocorrem lá.



Empecilhos culturais

Nós sabemos que existem problemas com determinantes culturais. Um deles, que constatamos em Anajás (PA), é que as pessoas não têm adesão ao tratamento suficiente para eliminar a transmissão da doença. Quanto os sintomas melhoram, suspende-se o medicamento, porque acham que determinados produtos locais que tomam, como o açaí, não são compatíveis com o medicamento para malária.



Papel do Estado

Eu acho que é necessário um apoio do governo estadual e federal ao município. Não sei se a palavra ideal é intervenção. Nós temos interesse em capacitar pessoal local para desempenho dessas atividades. Uma iniciativa muito importante do Ministério da Saúde foi contratar, com recursos do fundo global, por um período de cinco anos e com bons salários, profissionais de nível superior para residir nessas áreas onde há maior proporção de casos de malária.



Futuro da malária

Provavelmente não podemos ainda falar que poderemos eliminar a transmissão da malária na Amazônia. Mas acreditamos em alguns objetivos, como eliminação da transmissão urbana. Hoje temos em algumas cidades, principalmente na região periurbana de Porto Velho, Manaus, Macapá, Boa Vista. Com o tratamento atualmente disponível, podemos também reduzir drasticamente as hospitalizações e óbitos por malária. São dois objetivos importantíssimos. Mas, em curto prazo, acho difícil chegarmos ao nível da década de 70, quando havia 52 mil casos.

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